Superlotado, IML de São Paulo guarda corpos sem refrigeração
É um filme de terror, diz presidente da Comissão de Estudos sobre Perícias Forenses da OAB sobre situação precária.
Superlotado de corpos, o setor de necropsia do IML (Instituto Médico Legal) central de São Paulo parece cenário de um filme de terror. Essa é a definição do advogado Norberto da Silva Gomes, presidente da Comissão de Estudos sobre Perícias Forenses da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil).
É cadáver em tudo quanto é canto. Isso é ilegal. É imoral. Isso afeta gritantemente a cidadania, diz o jurista sobre a situação caótica. O cadáver não merece.
O programa Brasil Urgente, da Band, teve acesso a imagens que mostram corpos deitados sobre macas do lado de fora das gavetas frigoríficas. A sala de refrigeração do IML tem 38 compartimentos para guardar cadáveres que já passaram por necropsia, mas durante uma semana do mês de junho, além da geladeira estar com a lotação máxima, havia 15 corpos em decomposição fora delas.
Isso aconteceu porque a prefeitura de São Paulo já deveria ter retirado 17 dos 38 corpos refrigerados para sepultamento àquela altura. De acordo com a lei, o município tem 72 horas para enterrar um corpo após a liberação do IML.
A permanência dos corpos no IML, cujo prédio é vizinho a várias instalações médicas, entre elas o Hospital da Clínicas, também é um perigo à saúde pública. Mesmo que esteja na câmera fria, a uma temperatura de 4ºC, o corpo continua em decomposição e pode transmitir doenças em um raio que vai de 800 a 1000m, a distância que uma mosca infectada pelo cadáver pode voar, a uma altura de 2m.
Por que a Prefeitura não cumpre o protocolo no sentido de retirar pelo menos os corpos que estão fora da geladeira e estacionados no local?. Só falta beliche ali, agora, ironiza Silva sobre a situação precária.