CARAÇA SANTUÁRIO 3D
Caraça seria o grande desfiladeiro existente na Serra do Espinhaço nesta região: explicação dada por Auguste de Saint-Hilaire (1816) e acolhida por José Ferreira Carrato, em sua tese de doutorado sobre o Caraça (As Minas Gerais e os Primórdios do Caraça), publicada em 1963. Caraça, em tupi-guarani, significa desfiladeiro ou bocaina, como hoje é chamado o portentoso vale entre os Picos do Sol e do Inficionado.
irmão Lourenço de Nossa Senhora
Por volta de 1770, a sesmaria do Caraça foi comprada pelo Irmão Lourenço de Nossa Senhora, que logo começou a construir um hospício (casa de hospedagem) para romeiros e uma capela barroca, dedicada a Nossa Senhora Mãe dos Homens, devoção mariana tipicamente portuguesa.
Muitas dúvidas e lendas giram em torno da histórica, mas enigmática figura do Irmão Lourenço. No entanto, sua vida no Santuário do Caraça é bem documentada e conhecida. As dúvidas pairam sobre seu passado, antes de chegar à Serra do Caraça.
Estudos e hipóteses apontam para Carlos Mendonça Távora, um nobre português que, depois de um atentado contra Dom José I, rei de Portugal, foi perseguido pelo Marquês de Pombal. Os Távoras, longe de serem criminosos, cometeram esse atentado por não aceitarem as atitudes do rei contra uma mulher da família. Onze nobres da família foram queimados em praça pública, em Portugal, outro apenas em efígie, por ter fugido.
Este fugitivo seria Carlos Mendonça Távora, que, por volta de 1760, está no Arraial do Tejuco (hoje Diamantina-MG) trabalhando na mineração. Chegando pobre ao Tejuco, faz-se membro da Ordem Terceira de São Francisco e, assim, consegue status social e proximidade com os principais homens do lugar, especialmente com o Contratador João Fernandes de Oliveira, marido de Xica da Silva, cuja fortuna talvez fosse maior do que a de Dom José I, em Portugal.
Sob novas acusações contra a política tributária do Arraial do Tejuco e o desejo da Corte de assumir por própria conta a mineração, o que se deu com a criação da Real Extração do Diamante, o Irmão Lourenço novamente precisa se retirar.
Independente da exatidão de tais informações e das vertentes que essa história pode ter, o fato é que em 1768-1770 o Irmão Lourenço de Nossa Senhora compra a sesmaria do Caraça e aqui se instala, no mais vivo desejo de se converter e devotar sua vida à obra de Deus e à divulgação do Santuário do Caraça como lugar de retomada da vida à luz do projeto de Deus, sob a proteção de Nossa Senhora Mãe dos Homens.
Dedicando-se à vida penitente e ao atendimento dos peregrinos, mais tarde acompanhado de outros ermitães penitentes, o Irmão Lourenço cria, em Minas Gerais, um foco de atração para Deus, em meio ao tumulto minerador, e um centro de conversão, oferecendo ao povo uma alternativa à loucura do século. Com o desenvolvimento de seu Santuário, funda a Irmandade de Nossa Senhora Mãe dos Homens (1791-1885) e, com a ajuda de seus membros, que chegaram ao longo do século ao número de 23.226, e às esmolas conseguidas em peregrinações por toda a Província, vai melhorando as instalações do Caraça e enriquecendo sua igreja e sua hospedaria.
Com a idade avançando e as dificuldades enfrentadas para a continuidade de sua obra, o Irmão Lourenço resolve fazer a doação das terras e do Santuário à Fazenda Real, a fim de que a Coroa Portuguesa conseguisse Padres que dessem continuidade ao centro de romaria e missão e, sendo possível, fundassem uma casa para educação de meninos. Foram feitos três requerimentos: o primeiro em 1806 e os dois últimos em 1810, todos sem resposta positiva.
No dia 27 de outubro de 1819, com cerca de 96 anos, o Irmão Lourenço faleceu, sem ver os Padres tomando posse de sua Ermida. No entanto, o velho penitente morreu consolado, pois, segundo os relatos do vigário de Catas Altas, que atendeu nos últimos momentos de vida o santo fundador do Caraça, Nossa Senhora teria se manifestado a ele dizendo que podia morrer em paz, pois Deus não abandonaria a obra do Caraça. Isso, de fato, se provaria com o envio de Missionários para dar continuidade à obra do Santuário.
todavia, 200 anos depois, em 2019, teve
início a digitalização em 3D por drones
desse histórico patrimônio.
toda a área da igreja e o complexo do
caraça tiveram início a digitalizacão
para serem armazenados eternamente e
acessados pela internet.
essa digitalização ficou a cargo do
eng Marcos Baeta Miranda e de sua esposa
Vivian Americano Baeta