JOAQUIMTUR - II VIAGEM CULTURAL VISITA J.BORGES EM BEZERROS/PE
Mais uma VIAGEM CULTURAL e dessa vez no mês do FOLCLORE, nada melhor de conhecer um pouco da Cultura Pernambucana e fizemos algumas perguntas a um dos maiores cordelistas e xilogravurista vivo, segundo Ariano Suassuana, aos 77 anos de idade e com uma disposição de 30 com 18 filhos, olha que o cara não faz só cordel não, viu?!, com o mais novo chamado Joaquim em homenagem ao seu pai, encontramos J.Borges no atêlier trabalhando a exatas 9hs de um sábado dia 03 de agosto 2013, IMPERDÍVEL essa visita, confira, Joaquim Jr.
Documentário - J.Borges
José Francisco Borges, J.Borges, como é conhecido mundialmente, é um dos mestres da literatura de cordel, um dos artistas folclóricos mais celebrados da América Latina e o xilogravurista brasileiro mais reconhecido do mundo.
J. Borges ilustrou capas de cordéis, livros, discos, e já expôs na Venezuela, Alemanha, Suíça, México e Estados Unidos, onde foi tema de uma reportagem no The New York Times, que o apontou como um gênio da arte popular.
Vídeo: Galeria Estação (
Texto:
Do cordel para a vida - O FABULOSO MUNDO DE J. BORGES
Do alto dos seus 80 anos, José Francisco Borges – ou simplesmente J. Borges – tem o privilégio de ver sua obra ser reconhecida mundo afora. Já tendo viajado e exposto seu trabalho por dezenas de países como França, Itália, Alemanha, Suíça, Venezuela, Estados Unidos e México, J. Borges é o mito popular da literatura de cordel e da xilogravura pernambucana. Homem simples, mas de profunda sabedoria, vivência e simpatia, tem a honra de ser Patrimônio Vivo Cultural de Pernambuco desde 2006. Também já foi agraciado com a Comenda da Ordem do Mérito Cultural, em 1999, pelo Ministério da Cultura, e recebeu o prêmio Unesco na categoria Ação Educativa/Cultural. Em 2002, foi um dos treze artistas a ilustrarem o calendário anual das Nações Unidas, cuja xilogravura selecionada foi “A vida na floresta”.
Autodidata, o amor pela literatura de cordel aconteceu desde menino, influenciado por seu pai – um dos três que sabiam ler dentre os 500 habitantes do povoado de Piroca, em Bezerros. “Meu pai num fazia outra coisa nas horas vagas. Lia cordel no sábado, no domingo, de noite, e sempre que podia. E aquilo também fez nascer em mim a mesma paixão. Eu queria aprender a ler só pra ter o prazer de apreciar aquelas histórias”. Apesar de ter frequentado apenas dez meses de escola, foi o suficiente para levar à frente sua paixão. Ainda jovem, durante muito tempo, viveu de comprar e vender folhetos de cordel em feiras e praças do interior, que segundo ele, deu muito certo.
Em 1956, escreveu seu primeiro cordel, mas achando que não estava a contento, engavetou. Contudo, depois, motivado por um amigo, ele publicou sua primeira história, cuja capa foi ilustrada pelo mestre Dila de Caruaru: “O Encontro de Dois Vaqueiros no Sertão de Petrolina”. Foi o primeiro sucesso. Entretanto, tem uma tristeza, perdeu o original e nunca mais encontrou. “Já procurei saber por todo lugar, coloquei no rádio, já fiz campanha, ofereci dinheiro e até hoje não apareceu. Quem souber onde posso encontrar, mande avisar que eu vou buscar”, apela.
Mas até aquela época, sua fama era apenas local. Em 1970, ainda desconhecido no Estado, seu talento foi descoberto pelo escritor Ariano Suassuna, que o considerava o melhor xilogravurista do Nordeste. “Depois Ariano disse que eu era o melhor do Brasil e, já de uns tempos pra cá, antes de falecer, falou que eu era o melhor do mundo (risos). Ariano foi meu grande incentivador. Divulgou meu trabalho. E, por causa dele, sai em tudo que foi jornal e TV do Brasil. No dia seguinte, começou a aparecer um monte de gente na minha porta: professores, alunos, jornalistas e turistas. Desde então nunca mais tive sossego”, brinca, dizendo que hoje vem gente de todo lugar lhe conhecer. “Eu gosto disso, sinto-me bem, sinto-me um artista. Muito bom ver esse lugar cheio de criança e de alunos. Adoro criança e tenho até vontade de fazer livros infantis e voltados à educação, coisas engraçadas e bem ilustradas para incentivar a leitura. Também pretendo escrever um livro mais minucioso sobre a minha vida, mas me falta tempo”.
J. Borges já teve seus trabalhos exibidos em vários museus do mundo e chegou a ser notícia no The New York Times. Com relação às xilogravuras, começou a fazer apenas no intuito de ilustrar seus folhetos. Mas houve tanta aceitação, que deu continuidade ao trabalho e passou a receber encomenda de outros cordelistas. Desenvolveu até técnica própria, fazendo as gravuras em cores.
A inspiração para o seu trabalho vem do cotidiano, do folclore, da cultura do Sertão e de histórias e anedotas que ouve contar na barbearia. Ao todo, até o dia deste bate papo, escreveu 313 histórias. E pretende escrever muito mais, pois sua mente não para de criar. “Aprecio fazer histórias e gravuras sobre temas tradicionais e realidade fantástica, como a da mula sem cabeça. Mas os tempos mudaram e vou acompanhando as tendências. Atualmente, a preferência é por gravuras com temas da natureza, animais, frutas e piadas. Faço muito trabalho por encomenda, para tudo que é gente, de todo lugar do mundo”. Seus trabalhos já estamparam até capa de livro de artistas famosos, como “As Palavras Andantes”, do escritor uruguaio Eduardo Galeano.
E ao ser questionado sobre qual de suas histórias ele gosta mais, é taxativo: “Gosto daquela que vende mais, a mais famosa, ‘A chegada da prostituta no céu’, de 1976, que vendeu cerca de 120 mil cópias e já virou até peça de teatro”.
Para a posteridade, há treze anos, J. Borges inaugurou o Museu da Xilogravura - Memorial J. Borges, em Bezerros, onde pretende fazer dali um museu para as pessoas saberem sobre quem ele foi, sua história, sua arte e seu amor pelo cordel.
Se você ainda não conhece o local e o artista, recomendamos a visita. Com certeza será uma grande experiência!
Viagem Pedagógica
Na semana passada fizemos uma viagem com os estudantes do Ensino Médio, nosso primeiro destino foi o Distrito de Serra Negra, na cidade de Bezerros. O professor Washington explicou aspectos da Geografia Física e Humana do local, entre outros assuntos da região. O nosso segundo destino foi o Museu da Xilogravura – o Memorial J.Borges, ainda em Bezerros. José Francisco Borges é uma importante figura cultural e tivemos a oportunidade de conversar sobre sua trajetória como cordelista. Nascido em Bezerros, o artista é conhecido mundialmente, inclusive considerado o melhor gravador popular do Nordeste por Ariano Suassuna. O último destino da nossa viagem foi o Armazém da Criatividade, em Caruaru - a mais importante estrutura de suporte à inovação e ao empreendedorismo que atua de forma integrada com as instâncias de ensino, ciência e tecnologia. Nesta passagem ao Porto Digital no Agreste acompanhamos os ambientes de trabalho compartilhado, as empresas encubadas e do próprio Armazém. Visitamos ainda os laboratórios, salas de produção-impressão 3D, gravação de música e rádio (podcasts), foto-filmagem, áreas de lazer e descanso. Foi uma viagem imperdível e novas parcerias surgirão, aguardem!