Peter M. Bauer Exposição Museo do Estado de Pernambuco Recife Olinda Brasil Stuttgart
PETER M. BAUER Retrospectiva no Museu do Estado de Pernambuco, Recife, Olinda, Brasil 2001
Peter M. Bauer
Artista Plástico
“A simplicidadenão e simplis”
Perfil do Artista
Peter M. Bauer nasceu em Wolnzach/Bayern - Alemanha. Começou a trabalhar com artes plásticas em 1960 (aos 14 anos de idade), em Stuttgart, fazendo cerâmica, tapeçaria, batik (pintura em tecidos) e máscaras. Aperfeiçou sua técnica, durante quatro anos, com o mestre Gerhard Schmid e, durante três anos, com Dodo Kroner. A partir de 1967, começa a dedicar-se exclusivamente à pintura. Em 1970, adquire e domina uma técnica bem própria, deixando a temática de retratos de figuras humanas para incursionar detalhes da fauna e da flora. São peixes, pássaros, frutas e folhas, que mantém e aperfeiçoa até hoje, em várias tamanhos, desde o mini quadro até o de maiores dimensões.
Quando passou as férias em Pernambuco, Brasil, em 1987, Peter M. Bauer descobriu o encanto e a magia de Olinda. Apaixonou-se pela cidade e veio morar nela, dividindo-se entre Stuttgart - onde trabalhava e residia - e Olinda, alimentando o sonho de vir morar na Cidade Patrimônio Natural e Cultural da Humanidade. Finalmente, isso aconteceu em 1999, definitivamente, com a inauguração do seu ateliê em Olinda, Pernambuco, Brasil. Peter M. Bauer sempre teve uma participação muito ativa no movimento e no mercado de artes plásticas da Alemanha, realizando várias exposições itinerantes em diversos centros da Alemanha, em Nova Iorque e San Francisco (individual), nos EUA. Os quadros deste artista fazem parte do acervo de colecionadores de várias partes do mundo, e também de museus e galerias da Europa. No Brasil, realizou quatro mostras individuais de grande sucesso: na Patrymony Corpo e Arte (1995), Shopping Center Guararapes (1996), Oficina do Sabor/Olinda (1998) e na inauguração do seu ateliê, em Olinda/PE (1999). Tem como produtor cultural o crítico de arte e jornalista Valdi Coutinho, também artista plástico e teatrólogo.
DEPOIMENTO de Marcus de Lontra Costa
Em Busca da Síntese
O artista é o organizador do caos, o sistematizador das formas; ele dá sentido e rumo aos fenômenos da percepção visual criando um novo saber sobre o mundo através do olhar.
O trabalho de Peter M. Bauer são registros de uma determinada experiência, documentos visuais que se justificam e se completam através de uma produção seriada que tem por objetivo analisar e dissecar o tema proposto através de uma repetição progressiva que se projeta no tempo e no espaço.
Diante da realidade o artista age com um instrumental próximo às reportagens científicas, eliminando aspectos secundários e concentrando-se na força intrínseca do objeto fruto de análise. A síntese, aqui, é a ferramenta da razão, é a base de partida da ação da arte. Ver é ter à distância ensina-nos Merleau-Ponty. E o artista necessita desse distanciamento para apropriar-se do objeto de seu estudo.
Em todos os assuntos que compõem o repertório temático do artista as preocupações essencialmente cromáticas cedem lugar a alguns aspectos constitutivos do objeto em questão. O fundo é tratado como espaço neutro, com áreas chapadas cuja luminosidade remete-nos à luminosidade tropical e, também, a uma opção de clareza, destacando a matéria e a riqueza do elemento formal figurativo que parece, por vezes, querer abandonar o terreno pictórico para buscar afirmar-se no campo tridimensional, aspirando ao volume escultórico.
Artista com formação profissional européia, percebe-se o preciso conhecimento que dispõe sobre os materiais que trabalha. A ela, o artista acrescenta uma poética enamorada pela luz e lendas dos trópicos, em especial pelos mistérios e belezas de Olinda, cidade que escolheu para trabalhar e viver. Sem buscar o folclórico e evitando o barroquismo piegas que muitas vezes seduz o estrangeiro, Peter M. Bauer desenvolve uma obra contida na qual a beleza se revela de maneira suave e enigmática como o sorriso da Mona Lisa. Descobrir o mistério das coisas simples, eis o desafio maior para o ser contemporâneo, muitas vezes obrigado a imprimir um ritmo alucinante de vida em busca da histeria da novidade, imposição de uma sociedade determinada pela cultura da massa e pela ideologia da moda. Em meio a esse burburinho, o artista nos propõe uma arte que seja bela e simples como um copo de cerveja gelada, que excita os sentidos e provoca o pensamento. A arte, aqui, deve ser vista como um bálsamo visual para o corpo cansado das agruras do dia-a-dia, defendida por artistas do porte do genial Matisse. E nós devemos saudá-la com o prazer de um brinde. Saúde!
Marcus de Lontra Costa
Diretor do Museu de Arte Moderna Aloisio Magalhães Rua da Aurora - Recife - Pernambuco - Brasil